29/07/2014

Construindo autonomia no Semiárido

Mais que um reservatório para guardar água da chuva. Mais que água para produzir o que comer. As tecnologias que estão sendo levadas para as comunidades rurais nos municípios do Semiárido, entre eles, Batalha, Belo Monte e Jacaré dos Homens, através do Programa Uma Terra e Duas Águas – P1+2, representam uma oportunidade de construção de uma nova forma de se relacionar com esta região.





Agricultores e agricultoras conquistam sua cisterna-calçadão, sua barragem subterrânea, seu barreiro-trincheira, mas conquistam muito mais que isso. Participam de formações, conhecem e resgatam conhecimentos para a preservação do seu ambiente. Mais que isso, as famílias têm oportunidade de construir soberania. Produzir seu alimento, buscar alternativas de vender aquilo que não consegue consumir, aprendem a valorizar seus conhecimentos e dos que vieram antes deles. Oportunidade de trabalho para quem quer aprender a construir sua cisterna, para quem é educador popular.

Soberania também quando se trata de água. As famílias já não precisam buscar água a longas distâncias e nem dependem mais da “boa vontade” dos politiqueiros de plantão. Assim, a cada tecnologia implantada uma família a mais tem em suas mãos a oportunidade de, através da convivência, conquistar  uma vida melhor.


 Regimere Melo
Comunicadora Popular CACTUS/ ASA

22/07/2014

Riquezas compartilhadas: O saber e a experiência



O Senhor Edésio Melo, ou seu Dedé e dona Gilda possuem uma barragem subterrânea. Eles fazem questão de mostrar aos seus visitantes a importância da água na sua propriedade e sempre salientam como nenhum veneno é usado em sua propriedade. Seu Sebastião Damasceno é um amante da natureza, protetor das sementes crioulas, da vegetação nativa e de tudo que envolva a preservação da caatinga. Quando recebe seus visitantes mostra com todo orgulho seu patrimônio: uma diversidade quase incontável de sementes. Já seu Eriberto Félix, fala de sonhos, de como sua pequena barragem subterrânea se tornou real. A diversidade em tão pouco chão é sua maneira de dizer que é possível produzir de tudo um pouco e que essa é a maneira que ele escolheu para viver.

Como eles são muitos e muitas personagens, protagonistas, mas eles não são ficção. São a realidade que tem contagiado muitos e muitas outras que passam em suas casas. Compartilham o saber construído no dia-a-dia, semeiam o conhecimento como espalham suas sementes. E estas sementes encontram solos férteis, outros agricultores e agricultoras dispostos a ser semeadores também.

Todos eles sabem que ensinam e aprendem. Não existe via de mão única. As visitas de intercâmbio são sempre uma troca. Um espaço de formação em que não existe mestre a aluno, a aprendizagem se dá na troca, os saberes se complementam, as informações se somam. Os agricultores e agricultoras se reconhecem como sujeitos de sua experiência e seu conhecimento é reconhecido como seu grande bem.

Os intercâmbios entre agricultores tem sido uma oportunidade tanto para quem visita como para quem recebe os visitantes. Uma valorização daquilo que eles têm de mais importante que é o seu trabalho. Aqueles que saem de suas casas também se sentem valorizados, pois encontram sempre oportunidades para contar também de suas vivências.

E neste rico processo de troca, de vivências, de diálogo, vai se tecendo uma rede invisível, porém forte. Uma imensa teia de relações, de ideias, de valores, de práticas, de visões diferentes do que seja viver no semiárido. A rede da convivência. 


Regimere Melo
Comunicadora popular - CACTUS/ ASA