O Senhor Edésio Melo, ou seu Dedé e dona Gilda possuem uma barragem
subterrânea. Eles fazem questão de mostrar aos seus visitantes a importância da
água na sua propriedade e sempre salientam como nenhum veneno é usado em sua propriedade.
Seu Sebastião Damasceno é um amante da natureza, protetor das sementes
crioulas, da vegetação nativa e de tudo que envolva a preservação da caatinga.
Quando recebe seus visitantes mostra com todo orgulho seu patrimônio: uma
diversidade quase incontável de sementes. Já seu Eriberto Félix, fala de
sonhos, de como sua pequena barragem subterrânea se tornou real. A diversidade
em tão pouco chão é sua maneira de dizer que é possível produzir de tudo um
pouco e que essa é a maneira que ele escolheu para viver.
Como eles são muitos e muitas personagens, protagonistas, mas eles não são ficção. São
a realidade que tem contagiado muitos e muitas outras que passam em suas casas.
Compartilham o saber construído no dia-a-dia, semeiam o conhecimento como
espalham suas sementes. E estas sementes encontram solos férteis, outros
agricultores e agricultoras dispostos a ser semeadores também.
Todos eles sabem que ensinam e aprendem. Não existe via
de mão única. As visitas de intercâmbio são sempre uma troca. Um espaço de
formação em que não existe mestre a aluno, a aprendizagem se dá na troca, os
saberes se complementam, as informações se somam. Os agricultores e agricultoras
se reconhecem como sujeitos de sua experiência e seu conhecimento é reconhecido
como seu grande bem.
Os intercâmbios entre agricultores tem sido uma oportunidade
tanto para quem visita como para quem recebe os visitantes. Uma valorização
daquilo que eles têm de mais importante que é o seu trabalho. Aqueles que saem
de suas casas também se sentem valorizados, pois encontram sempre oportunidades
para contar também de suas vivências.
E neste rico processo de troca, de vivências, de diálogo, vai
se tecendo uma rede invisível, porém forte. Uma imensa teia de relações, de ideias, de
valores, de práticas, de visões diferentes do que seja viver no semiárido. A
rede da convivência.
Regimere Melo
Comunicadora popular - CACTUS/ ASA
Nenhum comentário:
Postar um comentário